Cristina Clara
  • Bio
  • Lua Adversa
  • Galeria
  • Agenda
  • Contacto

Lua Adversa (2021)

  • Produção Cristina Clara, Pedro Loch, Edu Miranda
  • Captação Nuno Simões - Estúdio Vale de Lobos
  • Mistura André Tavares - Atlântico Blue Studios
  • Direção de arte Daniela Fraga, Margarida Andrade
  • Design e fotografia por Daniela Fraga

1. Manjericos

Letra e música Tatiana Cobbett Citação poética Antônio Carlos Belchior

O aroma dos manjericos Espalhou-se p’la cidade No meu peito desarmado Ecoou velha saudade Foi na marcha de Alfama Que fizemos a vontade Do santo casamenteiro E fui tua de verdade Capelinha de melão É de cravo é de rosa Vou pedir a S. João Para te trazer de volta E na festa de Yemanjá Dia dois de Fevereiro Ver-te então abandonar A bordo de um saveiro.

As velas do Mucuripe, vão sair para pescar Vou levar as minhas mágoas, pras águas fundas do mar Hoje a noite namorar, sem ter medo da saudade E sem vontade de casar. Vida, vento, vela, Aquela estrela é dela Vida, vento, vela, leva-me daqui

Arranjo Bernardo Couto, João Filipe, Pedro Loch Voz Cristina Clara Guitarra Portuguesa Bernardo Couto Viola de Fado João Filipe Contrabaixo Carlos Barreto Voz [poema] Tatiana Cobbett

2. Flor Amorosa

Letra Catullo da Paixão Cearence Música Joaquim Callado

Flor amorosa, compassiva, sensitiva vem, porque É uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor Oh, dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor Em uma taça perfumada de coral, Um beijo dar, não vejo mal É um sinal de que por ti me apaixonei Talvez em sonhos foi que te beijei Se tu quiseres extirpar dos lábios meus, Um beijo teu, tira-o por Deus Vê se me arrancas esse odor de resedá Sangra-me a boca, é um favor, vem cá Não deves mais fazer questão Já pedi, queres mais, toma o coração Ah, tem dó dos meus ais, perdão Sim ou não, sim ou não Olha que eu estou ajoelhado A te beijar, a te oscular os pés Sob os teus, sob os teus olhos tão cruéis Se tu não me quiseres perdoar Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim A mim, a mim, Oh, por que juras mil torturas Mil agruras, por que juras? Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê Por um beijo, um gracejo, tanto pejo Mas por quê?

Arranjo Edu Miranda, Pedro Loch Voz Cristina Clara Bandolim Edu Miranda Cavaquinho Edu Miranda Guitarra Clássica Pedro Loch Baixo Elétrico Rafael Calegari Flauta Barbara Piperno

3. O Pajem

Letra Fernando Teles Música Alfredo Marceneiro

Todas as noites um pajem Com voz linda e maviosa Ía render homenagem À marquesinha formosa Mas numa noite de agoiro O marquês fero, brutal, Naquela garganta de oiro Mandou cravar um punhal E a marquesa delirante, De noite em seu varandim, Pobre louca alucinante, Chorando cantava assim: Ó minha paixão querida Meu amor, meu pajem belo Foge sempre minha vida, Foge sempre minha vida Desse maldito castelo!

Arranjo Edu Miranda, Pedro Loch Voz Cristina Clara Guitarra Portuguesa Sandro Costa Bandolim Edu Miranda Guitarra Clássica Pedro Loch Baixo Acústico Francisco Gaspar Flauta Barbara Piperno

4. Real e Abstrato

Letra e música Tatiana Cobbett Citação poética Manuel Alegre

Vou deixar no casco de um barco A marca do meu quadril Lancei pedrinhas no lago Do mundo sou aprendiz Medi, o metro é quadrado, Segura p’ra não cair! Não fazer o certo, está errado. Viver é real e abstrato. Eu vou deixar meu casco, Viver é real e abstrato E vou levando o barco... Viver é real e abstrato.

Meu amor é marinheiro E mora no alto mar Seus braços são como o vento Ninguém os pode amarrar

Arranjo Pedro Loch Voz Cristina Clara Guitarra Portuguesa Sandro Costa Cavaquinho Edu Miranda Guitarra Clássica Pedro Loch Baixo Elétrico Rafael Calegari Flauta Barbara Piperno Percussão Sami Tarik

5. Um dia hei-de inventar

Letra Cristina Clara Música Pedro Loch

Um dia hei-de inventar A canção mais bonita Onde caiba a saudade E a verdade infinita Que achei no teu olhar Que tem luz como estrelas E acendeu pl’a cidade O luar nas janelas E hei-de sempre cantar O momento e a lembrança Do dia em que apagaste No meu peito a esperança Que a cantar sei chorar Sem mágoa, sem violência E é mais livre a saudade Alheia à tua ausência.

Arranjo Pedro Loch, Bernardo Couto Voz Cristina Clara Guitarra Portuguesa Bernardo Couto Guitarra Clássica Pedro Loch Contrabaixo Carlos Barreto

6. Lua

Letra Cristina Clara Música Pedro Loch

Quis morar dentro da lua, Andar por ela escondida Brilhar sobre a tua rua… Era cheia a minha vida! Era nova a vida minha! Já nem pensava em ser tua Crescente por estar sozinha. Sou das estrelas que vêm Ensinar-me o calendário Do tal destino arbitrário Dos caprichos do seu uso Das marés que não se cansam Dos horários do seu fuso Marco encontro com ninguém Sentada na meia lua Tudo o que tinha de meu Era o sonho de ser tua E agora que se fez dia A lua desapareceu E agora que se fez dia O sonho desapareceu!...

Arranjo Pedro Loch Voz Cristina Clara Bandolim Edu Miranda Guitarra Clássica Pedro Loch Baixo Elétrico Rafael Calegari Flauta Barbara Piperno Piano João Ventura

7. Sete Cantigas Para Voar

Letra e música Vital Farias

Cantiga de campo De concentração A gente bem sente Com precisão Mas recordo a tua imagem Naquela viagem Que eu fiz pro sertão Eu que nasci na floresta Canto e faço festa No seu coração Voa, voa, azulão… Cantiga de roça De um cego apaixonado Cantiga de moça Lá do cercado Que canta a fauna e a flora E ninguém ignora Se ela quer brotar Bota uma flor no cabelo Com alegria e zelo Para não secar Voa, voa no ar… Cantiga de ninar A criança na rede Mentira de água É matar a sede: Diz pra mãe que eu fui para o açude Fui pescar um peixe Isso eu não fui não Tava era com um namorado Pra alegria e festa Do meu coração Voa, voa, azulão… Cantiga de índio Que perdeu sua taba No peito esse incêndio Céu não se apaga Deixe o índio no seu canto Que eu canto um acalanto Faço outra canção Deixe o peixe, deixe o rio Que o rio é um fio de inspiração Voa, voa, azulão...

Arranjo João Ventura Voz Cristina Clara Piano João Ventura Percussão Sami Tarik

8. Saia Velhinha

Popular Minhoto

A minha saia velhinha Está toda rotinha De andar a bailar Agora tenho uma nova Feitinha da moda Para estrear A minha saia velhinha Que eu ainda trago vestida Mas não a dou a ninguém Nem por nada desta vida. A minha saia velhinha Está toda rotinha De andar a bailar Agora tenho uma nova Feitinha da moda Para estrear Minha mãe casai-me cedo Enquanto sou rapariga Que o milho ceifado tarde Não dá palha nem espiga. A minha saia velhinha Está toda rotinha De andar a bailar Agora tenho uma nova Feitinha da moda Para estrear

Arranjo Quiné Teles, Cristina Clara Voz Margarida Andrade Percussão Quiné Teles

9. Vira do Mondego

Letra Joaquim Frederico de Brito Música Augusto Pinho

Não trazes a tua capa Mas olha que a noite é fria E tudo o vento destapa Numa doida correria Só o Mondego dormente A bailar de contente É que nós desafia Tira o meu xaile e embrulha-te nele Porque o Mondego de noite arrefece E o amor frio bem cedo se esquece Não vás de guitarra ao peito Cantar uma serenata Dizer que dormes no leito Desse Mondego de prata E que já nada amor me inspira Isso não que é mentira Eu não sou tão ingrata Tira o meu xaile e embrulha-te nele Porque o Mondego de noite arrefece E o amor frio bem cedo se esquece Não vás saltar às fogueiras Bailar nas descamisadas Porque andam noites inteiras Muitas tricanas coitadas Bailando em desassossego E até no Mondego Andam almas penadas. Tira o meu xaile e embrulha-te nele Porque o Mondego de noite arrefece E o amor frio bem cedo se esquece

Arranjo Pedro Loch Voz Cristina Clara Guitarra Portuguesa Sandro Costa Bandolim Edu Miranda Guitarra Clássica Pedro Loch Baixo Acústico Francisco Gaspar Flauta Barbara Piperno Percussão Quiné Teles

10. Tico Tico no Fubá

Letra Aloysio de Oliveira Música Zequinha de Abreu

O tico-tico tá Tá outra vez aqui O tico-tico tá comendo o meu fubá Se o tico-tico tem, tem que se alimentar Que vá comer umas minhocas no pomar O tico-tico tá Tá outra vez aqui O tico-tico tá comendo o meu fubá O tico-tico tem, tem que se alimentar Que vá comer umas minhocas no pomar Ó por favor, tire esse bicho do celeiro Porque ele acaba comendo o fubá inteiro Tira esse tico de cá, de cima do meu fubá Tem tanta coisa que ele pode pinicar Eu já fiz tudo para ver se conseguia Botei alpiste para ver se ele comia Botei um gato, um espantalho e um alçapão Mas ele acha que fubá é que é boa alimentação.

Arranjo Edu Miranda, Cristina Clara Voz Cristina Clara Bandolim Edu Miranda Percussão Sami Tarik

11. Novo Fado da Melancia

Letra Cristina Clara Música Raúl Ferrão

É tão fresca a melancia Como a boca da mulher E se o freguês desconfia Venha provar se quer ver Esta Lisboa à fatia Sorriso à mão de beber Desde o amanhecer Ao entardecer Provar é beber Da cidade a vida inteira Numa fatia de verão Até faz renascer O Parque Mayer No sonho de quem quer A rubra fruta ligeira Lisboa feita canção Se a freguesa é mais arisca E recusa com desdém Tão doce que nem arrisca Que é coisa que nem cai bem Quando a gente não petisca Mais há-de ficar p’ra alguém Desde o amanhecer Ao entardecer Provar é beber Da cidade a vida inteira Numa fatia de verão Até faz renascer O Parque Mayer No sonho de quem quer A rubra fruta ligeira Lisboa feita canção

Arranjo Pedro de Castro, João Filipe, Francisco Gaspar Voz Cristina Clara Guitarra Portuguesa Pedro de Castro Viola de Fado João Filipe Baixo Acústico Francisco Gaspar

12. Viagem

Letra Miguel Torga Música João David Almeida

Aparelhei o barco da ilusão E reforcei a fé de marinheiro Era longe o meu sonho, e traiçoeiro O mar… (Só nos é concedida Esta vida Que temos E é nela que é preciso Procurar O velho paraíso Que perdemos). Prestes, larguei a vela E disse adeus ao cais, à paz tolhida. Desmedida, A revolta imensidão Transforma dia a dia a embarcação Numa errante e alada sepultura… Mas corto as ondas sem desanimar, Em qualquer aventura, O que importa é partir, não é chegar.

Arranjo Pedro Loch, João Ventura Voz Cristina Clara Piano João Ventura
Cristina Clara Copyright © 2024 Cristina Clara Programação Pedro Loch Design Daniela Fraga Graphic